quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Desconforto 2

Quero muito acreditar que é normal encarar uma fase melancólica da vida, do tipo bater à porta e questionar mil e um estragos, assim como se fosse uma cena banal, como se fosse um dia naturalmente mau. Estas horas em que olhamos à volta e não vê mos nada nem ninguém, matam segundos e horizontes. Será tão normal assim sentir que perdemos todo valor e força de superação por pequenos erros? É pelo menos mau que chegue sentir que já não temos atenção dos olhos que nos rodeiam, que não temos importância para as pessoas que mais tem valor para nós. Sentimos-nos como lixo, como ninguém a deixar pegadas por aí. O mal de tudo é ter noção de que a felicidade que devia ser nossa, é na verdade dependente de outras pessoas e não apenas de nós próprios. Com pouca coragem e vontade de planear, uma atenta mente grita, de uma forma constante grita bem alto em espaços vazios. Em simultâneo, esta é capaz de sair do seu próprio eco, permitindo assim que os espaços sejam outros, até novas dimensões. O que era um espaço vazio, transforma-se num terreno de novas vistas. Notável, pois um espaço vazio é também um espaço fechado, com fechaduras por onde não é possível espreitar nem um pouco do minuto que se segue. Saiu calado à rua e imagino-me a conter uma alma carente, que embora transparente o suficiente, também inspiradora. De louvar são as suas vinte e quatro horas diárias de protecção, esta capacidade de impossibilitar a descrição do estado emocional a exteriores interessados. No baloiço de pneu é fácil gerar uma confusão de ideias, é fácil iniciar uma luta pelo perdão da consciência. Nada mais que um sentimento de culpa por vezes, uma alma castigada e revoltada, por agir de forma leve e permitir respostas frias. Há gente que conta gente, eu conto aquilo que curo e que crio. Não sou um exemplo a seguir, e isso pouca ou nenhuma diferença faz para o desenvolvimento da sociedade. Numa luta de forças, é importante conhecer casos impossíveis, infelizes, isto para que amanhã não vá escavar um buraco idêntico. Encontro-me varias vezes no quarto com um calor extremo, e questiono-me às paredes porque que até mesmo essas me congelam. Durmo e acordo a pensar que um dia o meu ser pode voltar, e acabo por acreditar na minha própria história e nas minhas forças de superação. Nunca tinha pensado nem em metade de um milhar de situações, mas quando te deparas com os impossíveis, automaticamente irás fazê-lo, e daí tirarás conclusões bem adversas. As minhas ideias dentro da situação pessoal e actual, são por exemplo de destacar, a necessidade que tenho de sublinhar que a culpa não está do lado de quem tem a má atitude, está maioritariamente do lado de quem a perdoa.

[Segunda versão "Desconforto"]

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