domingo, 23 de março de 2014

Sonho Irreal




Olhei o céu e senti a suavidade e o conforto com que os pássaros sobrevoavam. Este momento pensativo e de viagem à natureza fazia-me sentir parte de um momento agradável, até que a campainha toca. Toda gente abandona as quatro paredes que as aborrecia, e espalha-se facilmente uma multidão por todos os curtos espaços do recinto exterior. Já previa algo, no fundo, o frio na barriga não costuma mesmo falhar. Foi como se realmente estivesse mesmo acontecer um sonho real. Como se juntasse as minhas momentâneas confusões num baralho de cartas, onde a grande maioria seriam copas. Dou por mim assustado, a desejar poder voar a cem quilómetros por hora até à cidade de ninguém. Nunca sei o que quero ou que posso estar a sentir. Até realmente acontecer, sentir e ouvir alguém a chamar aquele nome que me pertence, com a voz doce que provoca um tornado de emoções em milésimos de segundos. Olhei para confirmar, e realmente era para mim mesmo. Não queria, não queria mas fui. Havia sempre algo a dizer, a esclarecer, a prender o futuro, e então eu fui. Já com a derrota escrita na testa logo ao primeiro passo, mas fui. Repeti dez vezes a passo que tinha de me tomar como frio e decidido. No ante penúltimo passo já nem sabia o que tinha dito em todos os outros que ficaram para trás. Na minha vida, antes tudo parece não estar errado e claro, com sentido... até acontecer. A voz doce ocupou toda escola, mesmo no tom mais baixo e tímido de sempre, e mesmo assim, eu não consegui não estar distraído. Não me recordo de ouvir nada. Recordo-me de sentir um toque que não desconhecia de todo, um toque mais carinhoso, um beijo mais apertado... Até adormecer, e acordar em outro lugar onde nunca estive antes. Este que parecia enfeitado de um motivo alegre e festivo. No entanto, não me encontrava propriamente no centro da festa, muito menos ao pé das pessoas. Só dela. Afastado de tudo e todos, mais perto do calor da paixão, muito mais perto do calor da paixão. Ali, parecia que tinha sido plantado o momento ideal para duas almas apaixonadas. Onde não tinha importância o lugar para onde fosse, pois eu acabaria de qualquer jeito voltar a encontrar. Ali o meu baralho tornou-se em apenas uma carta só, multiplicada por outras tantas. Vivi aquele momento como nem sequer antes conseguiria imaginar tão perfeito. Foi ideal. Amor. 
(....)
Puuuuufff! Não aconteceu nada. Não quero nada. Não tem ninguém. Não tem festa. Não tem campainha. Nem sequer pássaros. O baralho de facto existe, mas está guardado numa gaveta trancada, onde a chave já nem sei onde escondi. O que aconteceu mesmo? No meu último sono da manhã, surgiu aqui uma espécie de sonho completamente irreal. Fui tão rápido às nuvens, como ao chão.


sábado, 22 de março de 2014

Pessoa



Algumas pessoas andam por aí, perdem-se por aí à procura.
Algumas pessoas descontrolam-se e entristecem-se por aí.
(...)
 Muitas optam por não sair à rua com sentidos e rotas. Tentam de alguma forma criar uma distância maior até ao possível sofrimento, maior até à probabilidade de se magoarem à procura, sem sentido ou sem garantias. Algumas chegam conscientemente até à razão, que distingue a dificuldade, da falível persistência. Outras caem na rotina mista, uns dias ardem por amor, outros refrescam-se de revolta. O que acontece, naturalmente. Sem segredo atingido ou equação montada, como ser feliz? Não. Há voltas a dar, contornos à negatividade, apenas. Há tudo e nada. Há condições desde que as criemos, e há acontecimentos destinados que levam a que não as consigamos criar. Tu vais, persistes na criação, ela não acontece porque é uma persistência à procura no tempo, desistes e ela inesperadamente vai até ti. Quando te deparas com tais decisões, tu não és capaz, porque o tempo que perdes-te a procurar o que no fundo te fazia mal, tornou-te em alguém incapaz de lidar com esta nova grande oportunidade. Uma pessoa umas vezes fria, outras fraca.

domingo, 16 de março de 2014

Caminhos Distantes



(...)
E assim foi, ela fria corrida pelo vento que soprava forte por entres as árvores. Ela vai, e vai de mente revoltada e revirada do avesso. Perturbada por um excesso de pensamentos queimados de folhas que já arderam, ou que queria que assim fosse. Mais do que isso, por medo do futuro incerto que enfrenta. Por medo dele, de que partisse sem regresso. Assim foi, o vento virou chuva intensa, e ele foi e não sabe mais onde tinha estado. Mais do que uma folha queimada, uma memória que parecia e queria ser evitável! Hoje, o tempo apresenta-se em bom estado, tal como a mente que pertencia ao jovem. Pelo menos, sem aquele ar frio, mais seguro das ideias, menos completo mas mais certo no que tem. O risco demonstra a nossa vontade de viver, mas por vezes o ideal passa apenas por abrandar o ritmo de desenvolvimento. Passa por valorizar mais, não andar em circulo, mas caminhar com as pessoas que estão, apenas. Ele está, não de volta, mas de novo. Para ir e não voltar. Para crescer e vencer, mais, mais na vida. Dar um ponto grande nos enormes tormentos passados. Viver mais dos objectivos. Querer mais do que a estabilidade. Talvez mais um romântico incurável a querer aprender a viver, mesmo quando a cura é inexistente. Até porque a verdade passa por a história da vida de cada um. Cada um com um fim, é certo, mas a minha... bem, a minha tenho a certeza que irá ser a última a ser queimada.